A decisão foi tomada um dia após reunião com o governador Cid Gomes, que se comprometeu a atender as principais reivindicações
Os professores da rede estadual de ensino decidiram em assembleia realizada na manhã de ontem, continuar a greve que já dura 50 dias. Apesar do discurso feito pelo presidente do Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc), Anízio Melo, pedindo a suspensão do movimento “com a continuidade da mobilização”, a maioria dos professores presentes no ginásio Aécio de Borba, por pequena diferença, votou pela continuidade da paralisação.
Em clima tenso, a votação teve de ser refeita algumas vezes até a proclamação do resultado. O clima de confusão e tumulto que se criou com o impasse quase levou professores às vias de fato. O presidente do sindicato chegou a ser vaiado quando defendeu o retorno às aulas. Fato que atribiu a disputa entre centrais sindicais.
Após a reunião da categoria com o governador Cid Gomes (PSB) realizada no Palácio da Abolição quinta-feira, havia a expectativa de que a greve chegasse ao fim. “O governador negociou, foi atencioso e solícito, mas a categoria investiu por outro caminho”, disse o deputado estadual Antônio Carlos (PT), líder do governo na Assembleia Legislativa. Segundo ele, que tem intermediado o diálogo entre governo e professores, ao sair da reunião de quinta-feira a sua percepção era de que a greve estaria chegando ao fim.
Na reunião, Cid Gomes se comprometeu a atender duas das principais reivindicações da categoria desde o início do semestre letivo: fazer nova tabela de implementação da Lei do Piso Nacional da carreira e implantar, de forma progressiva, um terço da jornada de trabalho para atividades extra classe, a partir de 2012. Porém, os compromissos foram condicionados ao fim da greve. Na ocasião, Cid disse que a partir de segunda-feira determinará a abertura de processo administrativo por abandono de cargo para aqueles que continuarem em greve, e que pedirá a execução da multa determinada pelo Tribunal de Justiça do Ceará, desde o dia 5 deste mês, contra o sindicato Apeoc, que prevê o pagamento de R$ 10 mil por cada dia de descumprimento da decisão que determina o fim da greve. Por meio de nota divulgada no início da noite, a Secretaria de Educação informou que “a expectativa da Seduc é que os professores retornem as suas atividades nas escolas para que os estudantes da rede estadual retomem seus estudos o mais breve possível, evitando assim, mais prejuízos no processo de aprendizagem”. A nota também faz referência abertura do governo para o diálogo, mas não toca em possíveis retaliações.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Os professores que defendem a suspensão da greve argumentam que o governo avançou nas negociações. Já os que defendem a continuidade da paralisação, dizem desconfiar das promessas do governador.
SERVIÇO
Agenda Sindicato Apeoc
26/9: reunião dos zonais
27/9: reunião do Comando de Greve na CUT
30/9: Assembleia no Ginásio Paulo Sarasate às 8h.
Bruno Cabral
brunocabral@opovo.com.br
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